Dia Nacional do Voluntariado: aniversário de 35 anos, cultura humanitária reduzida e momento atípico
Quem promove um mundo melhor sem pedir nada em troca, quem retribui à sociedade os conhecimentos adquiridos ou quem vê no voluntariado uma forma de obter experiência profissional possui no olhar empatia, humildade, criatividade, pensamento multidisciplinar, senso de responsabilidade e sociabilidade mais aguçados.
Mesmo todas essas características sendo bem vistas socialmente e, hoje, ser o aniversário de 35 anos da lei assinada por José Sarney que instituiu o 28 de agosto como Dia Nacional do Voluntariado, o trabalho voluntário, via de regra, não é muito praticado no Brasil.
De 2017 para 2018, o nosso país caiu 47 posições no ranking do Índice Global de Solidariedade, ocupando a pior posição na nossa história: 122º de 146. Em 2019, os dados também não foram muito animadores, afinal, de acordo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua), a taxa de pessoas a partir dos 14 anos que fazem trabalho voluntário em nosso país caiu de 4,3% em 2018 para 4%.
A queda que ocorreu entre o ano de 2018 e 2019 representa que ao menos 300 mil pessoas pararam de realizar serviços voluntários: escrever para um idoso, acompanhá-lo numa consulta médica, auxiliar doentes, brincar ou praticar esportes com crianças carentes, doar comidas e/ou roupas a quem estar em situação de vulnerabilidade social, ser associado ou integrante de uma organização sem fins lucrativos.
Apesar de a cultura altruísta ser pequena e ter encolhido nos últimos anos, os brasileiros que realizam atividades humanitárias a fazem de maneira consistente e o tempo dedicado a elas tem aumentado. Ainda segundo a pesquisa do Pnad Contínua do ano passado, o tempo médio passou de 6,5 horas semanais para 6,6.
Momento atípico: novos desafios e soluções
A pandemia do novo coronavírus tem proporcionado um contexto atípico: as desigualdades sociais foram evidenciadas e acentuadas, o que ocasionou tanto uma urgência por trabalhos humanitários assistencialistas quanto mobilizou uma maior quantidade de pessoas dispostas a realizá-los seja de maneira individual, seja coletivamente.
Mesmo com isolamento social, a solidariedade não parou. Diante da grande demanda, as organizações e os projetos sem fins lucrativos tiveram que se reinventar e viram na internet uma grande aliada para continuar existindo, bem como, atendendo as demandas da maneira mais segura possível.
O Sorriso de Plantão, por exemplo, é um projeto de extensão universitária que há 18 anos, por meio do trabalho voluntário, proporciona a ludoterapia aos enfermos hospitalizados de Alagoas, levando alegria para todo o ambiente hospitalar. Por causa da COVID-19, os seus plantões foram suspensos, mas suas atividades não cessaram.
O trenzinho dos palhaços doutores se fez presente para às crianças hospitalizadas: de maneira remota via chamada de vídeo, assim como por meio do projeto “Sorrir para Colorir”, o qual distribui desenhos para colorir e caixas de giz de cera a diversos hospitais da capital alagoana, ajudando na manutenção da saúde mental dos pacientes por meio da arte. Além disso, em parceria com o Laboratório de Experimentação em Design (LED), produziu e distribuiu também dezenas de EPIs humanizados e lúdicos a vários profissionais da saúde.