Capacitismo: o preconceito que impede romper barreiras.
Dia 21 de setembro é a véspera do início da primavera no hemisfério sul e também é o Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência. Junto com os últimos preparativos para o renascimento das flores, que renovam as cores e a vida na cidade, o dia de hoje, desde 2005, por meio da lei nº 11.133, têm uma pauta importante: a necessidade da sociedade ser mais inclusiva, equitativa e livre de preconceitos às PCDs (pessoas com deficiência).
De acordo com uma pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), 80% das pessoas com deficiência moram em países emergentes como o Brasil. Em nosso país, cerca de 24% dos cidadãos convivem com algum tipo de deficiência seja ela física, mental, intelectual ou sensorial. Como a invisibilidade dessa minoria ocorre até nas estatísticas, a carência de políticas públicas voltadas à inclusão social é tamanha.
As dificuldades que esses indivíduos enfrentam não se limitam à falta de inclusão e à inacessibilidade, o capacitismo torna o viver em sociedade ainda mais complicado. De acordo com o depoimento de Bianca Abreu, ex-integrante do Sorriso de Plantão e terapeuta ocupacional, o capacitismo é um preconceito estrutural e velado contra a pessoa com deficiência.
Bianca explicou ainda que ele parte de ideia de que existe uma normalidade e uma perfeição a serem seguidos. Esse ideal faz com que os PCDs sejam vistos tanto como incapazes quanto tenham toda a sua vida resumida à deficiência. Assim, os olhares invasivos de pena ou extrema admiração e os comentários, aparentemente inofensivos, que infantilizam ou inferiorizam quem tem deficiência, carregam preconceitos.
O capacitismo não é brincadeira ou “mimimi”, de acordo com a Lei Brasileira de Inclusão, ele é crime e, segundo a terapeuta ocupacional, pode afetar a saúde mental da vítima. “Não são todas as pessoas que têm uma visão amadurecida sobre a deficiência. Dependendo da fase que estiver, quem tem deficiência pode ficar receosa de sair de casa, não querendo se socializar”, explicou.
Para lidar melhor com situações capacitistas, além de ser necessário aceitar a deficiência, ter o apoio da família e amigos é muito importante. “Não é sempre que consigo reagir a essas situações. Familiares e amigos me defendem e orientam quem fez esses tipos de comentários quando não tenho reação. Me fortalecem”, ilustrou Bianca.
A irmã gêmea da Dra. Mimosa, Bianca Abreu, contou que durante os Plantões do Sorriso nunca sofreu capacitismo por parte dos integrantes e que recebia muitos elogios dos acompanhantes dos pacientes por dedicar-se muito ao projeto. Ela declarou também que “o que acontecia era das crianças olharem com curiosidade ou perguntarem por que eu sou assim. Eu sempre explicava de maneira lúdica, sem tristeza ou medo. Muitas vezes, eu era a primeira pessoa com deficiência que elas tiveram contato, por isso entrava no mundo lúdico delas para explicar da melhor maneira”.
Comunicar de forma empática e respeitosa, mostrando que PCDs têm suas dificuldades, mas que têm habilidades e, se necessário, faz uso de artifícios que os fazem se adaptar melhor às situações para viver como qualquer outra pessoa é fundamental. Assim, os estigmas e preconceitos serão quebrados.
O Sorriso de Plantão, neste dia 21 de setembro, reforça o seu apoio à luta das pessoas com deficiência. Nós repudiamos todos os tipos de discriminação e exclusão de PCDs. Ressaltamos que a deficiência, na verdade, é um elemento da diversidade e não uma tragédia pessoal - que resume e torna quem a tem inferior