Torna-se idoso no Brasil não é entrar na melhor idade

Torna-se idoso no Brasil não é entrar na melhor idade
15 de junho é reconhecido como o dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa
Por: Nathália Louise

Com mais de 28 milhões de idosos, segundo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil é um país extremamente velhofóbico. Apesar de possuir, desde 2003, um Estatuto do Idoso, que regulamenta os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos que vivem em solo brasileiro, a realidade de muitos que se encaixam nessa faixa etária é bastante violenta.


A aversão ao envelhecimento e, consequentemente, à figura idosa está no dia a dia e culmina na violação de direitos. Em 2019, 102 denúncias de desrespeito aos direitos da pessoa idosa foram realizadas por dia, de acordo com o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). A principal forma de violência que esse grupo sofre é a negligência; Depois é a psicológica, a econômico-financeira e patrimonial, a física e, por fim, a sexual.


A maior parte das vítimas são mulheres. Os principais suspeitos, conforme último levantamento divulgado pelo MMFDH, são filhos e netos, o que demonstra que os agressores são pessoas que elas convivem, confiam e tem uma relação de intensa afetividade.


São poucas as pessoas de idade avançada que sabem dos seus direitos, afinal, o índice de escolaridade nesse grupo ainda é baixo. As que tem ciência e não são dependentes de cuidados não denunciam porque não querem ver seus entes queridos sendo penalizados, enquanto as que são dependentes são inseguras de realizar queixas formais, porque necessitam de auxílios e os únicos responsáveis por eles é a família; gerando, assim, a subnotificação.


Urgência na conscientização
 

A conscientização cada dia mais se torna uma necessidade urgente. Envelhecer é natural. Com os avanços da medicina, a expectativa de vida está crescendo e a velhice se estenderá a mais pessoas por mais tempo. Dessa forma, continuar mantendo no imaginário popular que ficar idoso é sinônimo de torna-se incapaz, de ser inútil e doente, é prejudicial não só para quem é mais velho atualmente como também para os futuros idosos.
 

A ideia de que quando passa dos 60 anos “o tempo já passou” deixa clara a visão desumanizada que os jovens e adultos têm sobre os idosos. No contexto da pandemia, onde as pessoas de idade avançada fazem parte do grupo de risco da COVID-19, essa visão de que são descartáveis faz-se presente desde o agravamento das violências sofridas dentro de casa até nas falas do presidente que reforçam o estigma de que são um grande empecilho para a sociedade.

Dias como hoje, 15 de junho, dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa, são muito importantes para o combate dessa problemática. Essa data, criada em 2006 pela ONU juntamente com a Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa, relembra que falar sobre o assunto é fundamental para conseguir resolver.
 

Previnir & Combater


Informar os direitos que os mais velhos possuem não somente a eles, mas também a todos da sociedade, assim como estimular um olhar mais empático e respeitoso sobre as pessoas idosas por meio de uma convivência mais constante e saudável, que não precisa necessariamente ser presencial, são formas de prevenir as violações e de diminuir a velhofobia.


Para combater efetivamente, é necessário que tanto os dados sobre os casos sejam os mais próximos da realidade, quanto que os governantes criem políticas públicas de amparo para os idosos dependentes de cuidados. Por isso, denunciar pelo disque 100 ou pelo disque 181, quando estiver suspeitando de violações, é essencial; da mesma forma que cobrar das autoridades a assistência necessária.


Tendo em mente que o preconceito contra idosos fomenta a violência e ela pode ocasionar a morte da vítima (gerontícidio), nós do Sorriso de Plantão repudiamos todas as formas de desrespeito às pessoas mais velhas. Elas são seres humanos e merecem respeito. A qualidade de vida delas deve ser preservada e suas necessidades devidamente atendidas também nessa fase da vida para que ingressem, de fato, na melhor idade.