Relatos de um Palhaço: Drª. Cotofante

Relatos de um Palhaço: Drª. Cotofante
Drª. Cotofante está em seu 3º ano como integrante da Equipe HGE e do Sorriso de Plantão.

     Boa noite gente! Hoje é dia de "Relatos De Um Palhaço" e a nossa pequena dose de emoção fica a cargo da nossa Drª. Cotofante que relata sua experiência com um paciente que conquistou completamente sua vida e o quão especial ele foi pra ela. Fique agora com esse relato lindo e especial:

 

 

“O último plantão único”

 

     Há três anos Drª. Cotofante dá plantão no hospital mais populoso do estado: O HGE. Muitos são os pimpolhos que estão no internamento. Assim, a cada plantão, ela sempre tem muitos corações novos para conquistar, pois aqueles já conquistados em grande número voltam para o aconchego do lar, com saúde e deixando lembranças.

 

     No entanto, há aqueles que ficam um tanto mais de tempo. Foi assim com R.M.

 

     Ao entrar na UTI Pediátrica, Drª. Cotofante jamais deixaria de notar R.M. entre dois veteranos. R.M. via e ouvia muito pouco, mas logo fez um leve manifesto, quando Cotofante se atreveu a cantarolar. Seu dom musical estava enfraquecido, por isso ela precisava de um maestro. R.M. não pode recusar o convite. 

 

  Muitos sábados se passaram até que Cotofante ficasse afinadíssima no canto. No dia do grande concerto, todavia, R.M. ficou em uma enfermaria isolada, só dele. Uma porta com janelinha de vidro se pôs entre o maestro e a cantora, até o dia do 15º aniversário de R.M. Ele recebeu o melhor presente, na melhor data. A mamãe dele, que sempre estava elegantérrima, não se preocupou em borrar a maquiagem, diante da imensa alegria de levar o filho para casa. Cotofante cheia de felicitude fez o concerto ali mesmo.

 

     Entretanto, R.M. não tardou a voltar para UTI. Foram muitas idas e vindas, entre melhoras e muita esperança de voltar para casa. Novamente separados por uma janelinha de vidro, Drª. Cotofante não pôde cantar para seu maestro de pertinho. Estava ele no mundo onírico, sereno, sossegando a beleza. Foi o último plantão único que eles se viram.

 

     R.M. se deu alta para viver como anjo. Fez parar a dor. Por isso, os sentimentos vividos em cada plantão são irrepetíveis.

 

     O palhaço doutor antes de tudo é humano, mas o desalento que sinto, não é só meu. O bebê de quinze aninhos, daquela mamãe tão dedicada e cheia de carinho, não deixa só saudade, deixa muito amor. Obrigada R.M. por deixar a Drª. Cotofante fazer parte de sua história.

Drª. Cotofante.

 

 

Sorriso de Plantão: Um Sentimento Que Muda Tudo heart