Relatos de um Palhaço: Drª. Nunoca II
Boa noite povo lindo!
Voltamos com o nosso "Relatos de um Palhaço", e hoje com a presença da nossa irmã, Drª. Nunoca, nos contando sobre sua experiência maravilhosa ao conquistar um abraço (ou dois) de um pequeno grande homem.
Leia agora e se encante com esse lindo relato.
“O Pequeno Grande Homem”
O dia amanheceu ensolarado, mas não é aquele dia qualquer, é dia de plantonear, de doar e receber carinho, dia de enriquecer a alma com sorrisos e abraços.
05/03/16, às 13h50minh aguardando o trem para chegar aos corredores do Hospital Universitário (HU), e como de costume ao ler os prontuários da pediatria, encontrava-se o nome de um paciente antigo, C., criança de temperamento forte, fatigado por tantas idas e voltas ao hospital, um adulto no corpo de uma criança. Talvez o desgaste de passar tanto tempo naquele ambiente hostil tenha o feito amadurecer mais rápido.
Digamos que não era fácil conseguir brincar com aquele pequeno, conquistar a confiança dele foi trabalho a longo prazo, e ainda assim, mesmo depois de meses de convivência, não era todo plantão que ele estava disposto a brincar conosco. Muitas vezes quando o trem chegava, ele simplesmente se fechava e não dava um sorriso para ninguém, voltava ao leito e não queria conversa. Outras vezes resolvia brincar, sempre com o jogo da memória do homem de ferro, que ele tanto gosta. Vez ou outra, surgia um sorriso, uma rápida gargalhada, e muitas reclamações... Sim, ele é um pouco abusado e mandão.
Porém, naquele sábado algo estava diferente, quando o trem chegou ao corredor da pediatria, o pequeno grande homem recebeu os palhaços com um mega sorriso, corria de um lado ao outro, brincava de esconde-esconde, jogo da memória, desenhos de colorir, entre outras tantas brincadeiras que surgiram naquela tarde. Drª. Nunoca não conseguia acreditar no que estava vendo, surpresa e imensamente feliz ao ver C. demonstrar tanta alegria com a presença dos palhaços. Algo lindo de se ver, o pequeno grande homem, ainda com jeitinho de mandão, compartilhando inúmeras gargalhadas, fazendo a Drª. Nunoca se esconder nos lugares mais improváveis da pediatria, subindo nas costas do Dr. Du Barulho para correr e gravar muitos vídeos. E ao final do plantão, ele fez questão de abraçar cada palhaço, e apertar o nariz de um por um.
O trem indo embora, ele me olhou e disse: ‘’Eita tia, faltou o seu abraço!’’ Mas na verdade, ele já havia me abraçado, e ao abraça-lo novamente, senti o quanto aquela criança é especial, foi um dos abraços mais sinceros que já recebi. Atualmente C. encontra-se em SP, para dar continuidade ao tratamento. Lembro-me da frase que ele falou aos palhaços: “Tia, eu vou, mas eu volto logo”. O coração está apertado de saudade desse pequeno abusadinho. Vai dar tudo certo C., estamos com você!
Drª. Nunoca
Sorriso de Plantão: Um Sopro De Vida No Seu Coração