Relatos de um Palhaço: Drª. Cotofante II
Boa noite gente!
Hoje temos mais um "Relatos de um Palhaço", com a presença da nossa irmã, Drª. Cotofante, nos contando um pouco da sua experiência com uma das crianças mais antigas e queridas que convivemos no Sorriso de Plantão, em sua primeira ida para casa após 8 anos de internamento. Hoje, C.R. tem passado por idas e vindas ao hospital e está precisando da nossa ajuda. Se possível, entre nesse link e contribua com o que você puder (https://www.vakinha.com.br/vaquinha/vaquinha-do-riquelme-6476440a-7e9a-42d8-984c-f0f7780a49ad).
Fique agora com mais esse lindo relato.
”A Cura”
Entre os tantos espaços existentes no maior hospital do Estado, a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica é o lugar mais inusitado. Lá, por vezes, a interação do Palhaço Doutor é unilateral. A grande graça vem de muito pouco. Um olhar, um reflexo, o deixar ficar perto. Por mais que estejamos preparados, quem te escolhe é a criança. Muitas vezes, porém, ela não pode te escolher.
Em um universo de onze leitos, havia um cativo.
C.R.S.B. conheceu as paredes brancas com tenra idade. Era conhecido como o “chefe” da UTI, porque o seu internamento já tinha ultrapassado todos os prazos de alta. O motivo dessa não liberdade eram patologias graves, crônicas, irreversíveis, em conjunto com a cotidiana necessidade de oxigenação mecânica.
A primeira vez que os olhos de Dra. Cotofante fitaram C.R., ele já era veterano. Quatro anos haviam transcorrido desde a sua chegada. Mas, a esperança da mamãe dele não diminuía. M.L.T.S. não deixava de mimar seu segundo filho, ainda que tivesse mais quatro pequeninas para cuidar. Seu amor transbordava em dedicação, acreditando sempre que levaria seu menino novamente para casa.
Mais quatro anos se passaram depois daquele primeiro olhar. Foram muitas cantorias (turnê mundial), um turbilhão de montanhas russas com isolamentos infindáveis, até que, um dia, o ar se tornou mais puro. Em seu 12º aniversário, C.R. não estava mais na UTI.
Os plantões na enfermaria quatro passaram a ser um tanto mais demorados. Aqui, Cotofante é “ré confessa”. Afinal, não tinha como não se inebriar de alegria, ao vê-lo respirar “sozinho”. Nesse colorido salutar, C.R. até casou-se com Dra. Magali. O “sim” foi confirmado por três piscadelas de olhos, sacramentados pela magnânima Juíza Dra.Cotofante.
As emoções continuaram e muitas carregadas de tempestades quase perpétuas. Acreditar em uma cura seria ingênuo? A medicina tem limites, a Justiça anda vendada. No entanto, o inesperado acontece. E, aconteceu com ele.
Depois de oito anos de internamento, numa tarde um pouco mais ensolarada do mês junino, C.R. recebeu alta e viajou 54km para conhecer a sua nova casa e as suas irmãs. As irmãs gêmeas de Cotofante e Magali (enxeridas) estiveram por lá, e viram que de todas as dimensões da cura, a mais fidedigna é aquela que anda de mãos dada com o amor.
Não importa quantos dias, meses, ou anos, o ideal da cura é não medir o tempo. A família de C.R. só quer mais um dia com ele. “E, todo dia vai ser sempre um recomeço”.
Dr. Cotofante
Sorriso de Plantão: Um Sopro De Vida No Seu Coração