Relatos de um Palhaço: Dr.ª Microscópica

Boa noite povo lindo!

Hoje estamos de volta com mais um "Relatos de um Palhaço", dessa vez com a nossa irmã Dr.ª Microscópica, falando um pouco de como foi a mudança que aconteceu na vida dela, a partir do momento que o seu palhaço interior surgiu.

Um lindo relato sobre quão especiais são as experiências em cada plantão e o lugar que elas têm em nossa vida.

Curtam esse lindo relato!

"O meu eu Palhaço"

     Teve um certo momento em minha vida, que pude sentir a importância de ter alguém do lado num momento tão difícil, mas não era qualquer alguém, era um alguém diferente, cheio de amor, aquele alguém que você nunca viu na vida, mas quando olha nos olhos desse alguém, eles tão lá, brilhando... E foi nesse momento que surgiu o desejo de ser esse alguém também, de ser uma Palhaça Doutora.

     Quando eu conheci o projeto, meu coração batia tão forte que parecia que tudo que estava adormecido tinha acordado de uma vez só. Apesar de toda timidez, nervosismo e ansiedade, deu tudo certo e fui selecionada em todas as etapas, nunca mais esquecerei o Dr. Ya Mas Não Foi, pois foi ele que surgiu com minha plaquinha no resultado final da seleção, quase tive um treco no dia. E assim, nasceu a Dra. Microscópica, a página mais linda da minha vida.

     Cada plantão é único, mágico, cada criança um novo aprendizado. Já tem uns 6 meses que minha irmã gêmea descobriu outro habitat para seu coração: A Clínica Infantil Daisy Brêda, um lugar cheio de amor, ahhh e os bebes, meu coração se enche de alegria quando vê aqueles dentinhos que nem nasceram direito sorrindo, sinto o acalento de quando eles conseguem se acalmar daquele ambiente traumático e adormecem em meu ombro, não tem sensação melhor quando eles seguram minha mão e não querem mais soltar.

     Durante um plantão, conheci um menino de 8 anos, que além de estar com a saúde fragilizada, estava passando por uma situação familiar muito difícil, ele não queria brincar nem conversar com ninguém, e já fazia alguns dias que ele estava hospitalizado e as enfermeiras junto a assistente social conversou com a equipe do sorriso para tentar distraí-lo, e depois de tantas tentativas pude perceber uma pequena abertura e fui até ele mais uma vez, foi quando ele discretamente deu um sorriso de lado ao me aproximar com um brinquedo. Fiquei o plantão todo com ele, pois ele não se permitia a mais ninguém, por mais que tentássemos, ele não queria, e no meio de todas as brincadeiras, ele olhou para mim e disse: EU NÃO SOU FELIZ! Quando eu ouvi essas palavras de uma criança de 8 anos de idade, por alguns segundos fiquei em choque, sem saber o que fazer, respirei fundo e pude perceber que ele queria dizer o que sentia em meio a tudo que estava vivendo, ele não era uma criança difícil, que não gostava de brincar, ele só estava triste. Conversamos, brincamos, dei a atenção que ele precisava, e quanto mais o tempo ia passando eu via que ele ia se soltando, na hora do trem partir ele perguntou se eu voltaria, e isso para mim foi gratificante, refiro-me ao fato do laço que criamos, não foi preciso muitas palavras, mas ele segurou minha mão, e no fundo eu senti que eu fui necessária para ele naquela tarde, eu senti a essência dele, assim como acredito que ele sentiu a minha.

     Tudo que tenho vivido nesses sábados tem sido emocionalmente incrível e tem mudado minha vida de uma forma que nunca pensei, cada criança é marcante, cada história é transformadora, minha vida passou a ter mais sentido depois que embarquei nesse trem.

Dr.ª Microscópica

Sorriso de Plantão: Um Sentimento Que Não Pode Parar

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