Relatos de um Palhaço: Drª. Terremoto
Olá pessoal! Estavam com saudade dos Relatos de Palhaço? Em meio ao processo seletivo, os relatos ficaram de lado, mas vem descobrir como a Drª Terremoto conseguiu conquistar um paciente difícil durante um plantão!
A conquista
O HDT estava calmo, silencioso, tranquilo. A pediatria com dois quartos ocupados. Cheguei de mansinho, entrei em um dos quartos e encontrei o pequeno D., muito sério, no colo da sua mãe. Ao admirar sua seriedade senti seu olhar marcante fitando o meu, me aproximei. Tentei interagir, chamei para meu colo, fiz palhaçadas, levei brinquedos e após tentativas frustradas de fazê-lo rir, a mãe dele afirma que ele geralmente é assim.
Achei estranho.
Ele continuou a fitar meu olhar e observar tudo que eu fazia para chamar sua atenção. A partir daí, tinha uma missão: arrancar um sorriso do D.!
E então continuei no quarto, tentei algumas vezes, entre idas e vindas pegando novos brinquedos, fazendo danças, palhaçadas, desenho e nada. Porém, eu tinha carta branca pra continuar, ele não pediu pra eu sair e nem chorou. Continuei.
Já estávamos lá pra o meio do plantão e a saga continuava. Foi aí que tive a ideia de me esconder atrás da parede e aparecer no vidro do quarto. Parece tão simples né? Mas...
ATEN????O, sinal positivo! Um risinho no canto da boca.
Combustível pra continuar.
Permaneci brincando de me esconder e aparecer em lugares diferentes, já era! D. se rendeu! Ele riu! Ele adorou! Drª Terremoto ficou maravilhada com o sorriso dele!
Depois peguei a fralda dele e coloquei na minha cabeça e tirei dizendo: Achou!! ótima tática, ele gostou também! Coloquei na da mãe dele, nos meus irmãos palhaços e enfim, consegui conquistá-lo! Ele queria continuar brincando!
Descobri o segredo, consegui sorrisos, abraço e até um beijo na despedida.
Fiquei incrivelmente feliz, por ter cumprido minha missão naquela tarde e por ter feito a vida de D. um pouco melhor durante esse tempo no hospital.
A recompensa foi como recuperar o fôlego depois de muito tempo sem respirar.
E quem diria que seria com uma brincadeira tão simples. Por que não pensei antes? Não sei... O que sei é que: se existe sentimento melhor que esse, eu ainda não conheço!
Sua mãe me agradeceu, ela ficou admirada com as gargalhadas de D. Mas quem ganhou naquela tarde fui eu, recuperei meu fôlego para continuar minha missão. Obrigada, meu pequeno D.! Obrigada, meu Deus! Obrigada, Sorriso de Plantão. Drª Terremoto saiu completamente diferente do plantão, ela viu que o olhar pode falar mais que qualquer palavra e que não há limites para o amor.