Combate ao abuso e exploração sexual infantil: falar é preciso
Maio Laranja salienta a importância de denunciar casos de violação através do Disque 100
O dia 18 de maio lembra a sociedade de um mal que nos assola diariamente: o abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. A campanha do Maio Laranja busca destacar a importância de observar os sinais de identificação e da realização de denúncia, através do Disque 100, canal oficial do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos (MDH), de forma anônima.
Entre 2011 e 2017, o Disque 100 registrou 203.275 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes. Entretanto, estima-se que apenas 10% sejam, de fato, notificados às autoridades.
Vivemos em uma sociedade adultocêntrica, na qual os adultos são colocados em uma posição de confiança em relação às demais faixas etárias. Nesse sentido, ao abordarmos o combate ao abuso e exploração sexual infantil, vemos barreiras sociais ao legitimar a fala de uma criança violentada perante à negativa de um adulto abusador.
Segundo a Diretora do Departamento de Violações aos Direitos da Criança e do Adolescente do MDH, Leolina Cunha, 92% das queixas de abuso realizadas por crianças ou adolescentes são verídicas. O adultocentrismo e a confiança depositada no abusador, no entanto, faz com que a sociedade acredite na palavra do adulto em detrimento à da vítima.
"Precisamos dar ouvidos quando uma criança ou adolescente se queixa [do abuso]. Geralmente o abusador é uma pessoa acima de qualquer suspeita. Quando a vítima verbaliza, a nossa tendência, muitas vezes, é não dar atenção, é desconfiar que está inventando porque geralmente o autor da agressão é uma pessoa querida, uma pessoa confiável. Nós temos uma tendência de acreditar mais na palavra do adulto, do que na criança”, relata Cunha.
Ajude a vítima
A criança/adolescente nunca deve ser culpabilizada pelo que sofreu. O jovem violentado deve receber apoio da família e de quem mais ouvir o relato, deve ser acreditado e levado para fazer a denúncia.
A única forma de protegermos nossos jovens é ficarmos atentos, sabendo onde e com quem estão. Os abusadores podem ser pessoas próximas das crianças ou não. O acompanhamento cuidadoso e a orientação às crianças são fundamentais. É preciso falar sobre o tema, explicar o que é esse tipo de violência para que a criança/adolescente reconheça quando for abusado.
Alguns sinais podem ser cruciais para a identificação do abuso: regressão a comportamentos muito infantis, como fazer necessidades fisiológicas na roupa, infatilização da voz, choro excessivo; conhecimento sexual inapropriado para a idade; desagrado ao ficar sozinho com determinada pessoa; doenças sexualmente transmissíveis; desenhos sexualizados; autoflagelação, dentre outros.
O agressor(a)
O abusador pode ser um desconhecido, mas entre 85% e 90% dos casos é uma pessoa da família ou uma pessoa conhecida, em quem a criança ou o adolescente confia. E, por ser alguém próximo, acaba se aproveitando da situação e consegue que a vítima fique em silêncio por meio de ameaças, violência ou sedução,oferecendo presentes e privilégios.
De acordo com o Centro de Combate à Violência Infantil (Cecovi), a maioria dos abusadores sexuais pertence a famílias disfuncionais, ou seja, que vivenciam problemas com uso de bebidas alcoólicas, drogas, violência doméstica ou sexual, situação de miséria, entre outros. Por isso, devemos amar, cuidar e educar as nossas crianças para evitar que surjam mais abusadores no futuro.
Mas afinal, o que é abuso sexual?
Todo ato ou brincadeira de teor erótico, em que o agressor tenha mais consciência do que a criança ou adolescente sobre o que está fazendo. A intenção é estimular a vítima sexualmente, bem como utilizá-las para obtenção de satisfação sexual do abusador. Estas práticas são impostas à criança ou adolescente por meio da violência física, de ameaças ou de induções de sua vontade.
A exploração sexual de crianças e adolescentes é uma triste realidade que ocorre em todas as classes sociais, religiões, independente do nível de escolaridade. Apesar do isolamento decorrente da pandemia do COVID-19, não estamos sozinhos e não devemos ser omissos aos crimes de violência, sobretudo os que afetam crianças e adolescentes. Denuncie, disque 100 (direitos humanos) ou acesse ouvidoria.mdh.gov.br e ajude a proteger nossos jovens brasileiros. Em termos de flagrante (crime ocorrendo), você pode contatar como emergência o 190 (polícia) e denunciar o crime. Faça bonito, denuncie!
Fontes: Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos e Projeto Ação Educativa Contra a Exploração e o Abuso Sexual de Crianças e Adolescentes em União da Vitória - PR