A violência na vida dos brasileiros começa na infância

A violência na vida dos brasileiros começa na infância
Realidade de violência constante no país se inicia na infância
Por: Nathalia Louise

O Brasil é o 12º país mais violento do mundo, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), e essa violência começa a se fazer presente no dia a dia dos brasileiros nos primeiros anos de vida. Em 2019, foram notificadas diariamente, em média, 233 agressões diferentes, de acordo como a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e 32 assassinatos a crianças e adolescentes, conforme estudos da Unicef (Fundo das Nações Unidas pela Infância).

As violações ocorrem em sua maioria de forma física e psicológica. Contudo, o abandono, a negligência, o assédio sexual e o trabalho infantil são também formas de agredir a infância e que afetam negativamente o desenvolvimento das vítimas.

Os autores das hostilidades, geralmente, são do círculo familiar e da convivência dos menores. O cenário é o ambiente doméstico, local que deveria ser seguro e funcional para o bem dos pequenos.

Desafios amplificados

A situação das crianças e adolescentes fica ainda mais delicada e preocupante diante do isolamento social. Essa medida de prevenção necessária e eficaz à COVID-19 deixa esse grupo mais vulnerável a situações de violência física, sexual e psicológica, como foi alertado pela ONU.

O clima de tensão e ansiedade gerado por esse momento atípico propicia tanto o crescimento de tensões domiciliares como o consumo de bebidas alcoólicas. As bebidas, que levam a sensação de relaxamento ao indivíduo, aumentam comportamentos impulsivos e agressivos já existentes, o que pode culminar em violências domésticas.

A redução em 17,1% das denúncias de violação dos direitos dos infantes em abril deste ano não é um dado a se comemorar. Ela é sinal de que a subnotificação, que já era grande anteriormente, foi agravada.

A maior parte das denúncias era realizada por profissionais da educação, da saúde e por adultos de confiança das vítimas. Porém, as escolas foram as primeiras a entrarem de quarentena, o contato com pessoas de confiança foi reduzido e o receio de ir aos hospitais aumentou.

Como combater?

As crianças cada dia mais são violentadas e não têm a quem recorrer. 55% das vítimas são meninas e 52% dos suspeitos das agressões são mulheres, conforme o levantamento mais recente feito pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). 

Na coletiva on-line realizada no dia 18 de maio, a ministra do MMFDH, Damares Alves contou que “A mãe aparece muito como autora da violência. A maioria das famílias brasileiras são comandadas por mulheres”, quando falava sobre violência sexual infantil. Com os dados, é possível notar que essa situação não se limita apenas às agressões sexuais e isso é um dos porquês da subnotificação tamanha: as garotas violentadas pelas próprias cuidadoras não têm a quem pedir ajuda, principalmente, em quarentena.

Ignorar os pedidos de ajuda, desacreditar dos relatos por ser um menor contando – adultocentrismo - e não querer “invadir a privacidade” da família também endossam a existência de notificações não condizentes com o número real de casos.

Denunciar quando suspeitar de violações aos direitos da criança é fundamental. A vida do menor pode ser salva, os danos tratados; além de proporcionar a criação indicadores próximos à realidade, o que viabiliza políticas públicas de combate mais eficientes.

Para realizar denúncias: utilize o disque 100 (Disque Direitos Humanos), ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher) ou use o aplicativo “Direitos Humanos Brasil”, disponível para Android e IOs.

Dia de reflexão

Hoje, dia 4 de junho, é o dia mundial das crianças vítimas de agressão. Criada pela ONU em 1982, essa data não é comemorativa, é para refletir sobre a temática e ajudar na luta. Dessa maneira, reforçamos que nós do Sorriso de Plantão repudiamos toda e qualquer forma de violação aos direitos dos menores.

Lidamos diretamente com eles em nossas ações semanais e compreendemos que são indivíduos em formação. Nesse contexto, sabemos que ter um desenvolvimento seguro e saudável é extremamente importante tanto para eles, enquanto seres humanos, quanto para a sociedade, que eles estão inseridos