A luta contra queimaduras: um dia para lembrar tudo o que deve ser evitado
O dia 06 de junho é guardado nacionalmente para alertar sobre a luta contra queimaduras. A data foi instituída pela lei nº 12.026 em 2009 e tem o objetivo de divulgar as situações de risco e reduzir a ocorrência de acidentes que resultam em queimaduras, que no Brasil são cerca de um milhão ao ano.
São em torno de 100 mil pacientes com queimaduras que precisam de atendimento hospitalar anualmente. Desses, mais de 20% têm menos de 12 anos de idade. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2019 21.023 crianças de 0 à 14 anos de idade foram hospitalizadas pela mesma razão. São muitos os que carregam sequelas físicas e emocionais, e a maioria desde a infância.
É um tempo favorável
O mês de Junho não foi escolhido por acaso: o mês dos festejos juninos é também o período onde os registros de atendimentos hospitalares por lesões térmicas chegam a triplicar. O misto de fogos de artifício, fogueiras, as comidas da época e as férias escolares proporcionam várias ocasiões para acidentes.
Em 2020 as circunstâncias mudaram, devido a recomendação de isolamento social para evitar a propagação do coronavírus, foi decretada a proibição das fogueiras e a comercialização dos fogos de artifício em Maceió, com o objetivo de não agravar doenças respiratórias e colaborar com a segurança da população. A diminuição dos fatores de risco é essencial, principalmente nesse período onde a população deve permanecer em casa, local que é cenário da maior parte dos acidentes fatais na infância.
O COVID-19 não modificou apenas as tradições, mas também interferiu nos hábitos de higiene da população, como o uso do álcool em gel 70% recomendado para evitar a contaminação. A má utilização do produto, porém, têm aumentado o número de ocorrências de queimaduras. A maioria delas, no entanto, podem ser evitadas seguindo as medidas de proteção que a Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomendam a seguir, remetendo as precauções especialmente para as maiores vítimas: as crianças.
Ao ficar em casa:
- Mantenha as crianças afastadas da cozinha, se possível use uma barreira.
- Utilize as bocas de trás do fogão, e coloque os cabos das panelas virados para dentro.
- Vigie o fogão ao usar o forno, pois a porta aquece sem dar indícios.
- Evite usar toalhas compridas na mesa, para que as crianças não puxem.
- Guarde produtos como fósforos, isqueiros e velas em ambientes ventilados, longe de fontes de calor, e de preferência em locais altos.
- Não deixe aparelhos que produzam calor como ferro elétrico e secador de cabelo em locais de fácil acesso e os desligue da tomada logo após o uso.
Ao usar álcool líquido ou em gel:
- Utilize o álcool em gel 70% apenas se não houver água e sabão disponíveis.
- Utilize em poucos volumes e longe de locais com fogo.
- Após o uso se certifique de que o produto secou completamente antes de realizar alguma atividade próxima ao fogo.
- Não coloque álcool sobre chamas e brasas para acender churrasqueiras e fogões à lenha.
- O álcool não deve ser mantido dentro da casa, ou ao menos não em cômodos onde haja circulação frequente de moradores, é um produto altamente inflamável e que pode entrar em combustão com uma simples faísca.
Primeiros socorros básicos:
- Caso uma área pequena da pele seja lesionada pelo calor, coloque a parte ferida debaixo de água corrente por pelo menos dez minutos.
- Caso o local seja empoeirado mantenha a lesão coberta com um tecido limpo e úmido.
- Não tente descolar tecidos da pele, furar bolhas ou colocar alguma substância além de água no local.
- Em caso de lesão por produto químico, eletricidade ou caso seja de grande extensão, a vítima deve receber cuidados médicos urgentes.
A prevenção é a melhor e mais simples maneira de evitar as queimaduras e todas as consequências que delas acarretam, como afetar a qualidade de vida das vítimas e dos familiares. As cicatrizes podem limitar as capacidades motoras e causar traumas psicológicos, além das internações geralmente longas, os curativos e banhos diários dolorosos e a alta possibilidade de infecção.
É importante lembrar todas essas questões, pois apesar de toda divulgação anual dessa luta, um alto número de ocorrências permanece nas estatísticas, e a maioria acontece em casa. O sofrimento de uma criança acamada pode ser evitado caso ela brinque dois metros mais distante do fogo, por exemplo. Fiquem atentos às dicas e previnam-se!